OPINIÃO POLÍTICA | Matilde Batalha (PAN)
Para quando os contentores castanhos para resíduos orgânicos no Concelho de Mafra?
A forma como consumimos está diretamente relacionada com a quantidade de lixo que produzimos. Sabemos também que o lixo cheira mal. Basta deixar o caixote do lixo na cozinha alguns dias para notar o mau cheiro que fica em casa, sobretudo se for lixo orgânico (restos de alimentos). Uma unidade de tratamento de lixo, que receba estes resíduos terá de realizar um trabalho célere para minimizar a emissão de maus odores. Unidades destas absolutamente inodoras são atualmente uma impossibilidade.
Mafra é servida por uma estação de tratamento de resíduos – o Ecoparque da Abrunheira da Tratolixo E.I.M., S.A. – que recebe os resíduos triados no Ecoparque de Trajouce (Concelho de Cascais), da responsabilidade da mesma empresa, com vista ao seu tratamento: composto orgânico ou aterro em células de confinamento técnico. Nesta unidade não é realizada inceneração (queima) de resíduos e o aterro (unidade de confinamento) está isolado na medida do possível, isto é, o local onde são lançados os resíduos está descoberto durante algum tempo até ser coberto por material adequado (nem sempre na totalidade). No entanto, estes tipos de unidades podem ver diminuídos os odores emitidos pelos resíduos que nela existem.
Quando misturamos todos os resíduos, que produzimos, estamos a contribuir para o problema. Muito desperdício que poderia ser valorizado ou reciclável acaba por ir para ao aterro. Esses resíduos, ao serem misturados com o lixo orgânico, ficam contaminados não pudendo ser tratados.
O aterro da TRATOLIXO não é mais do que um imenso buraco coberto por uma enorme tela geotêxtil que impede que o lixo entre em contacto com o solo (de forma a prevenir a sua contaminação, bem como, a dos lençóis freáticos). Quando o aterro atinge o seu tempo de vida útil é selado, tornando-se assim num saco de lixo gigante fechado debaixo do chão e que demorará séculos a decompor, produzindo adicionalmente gás metano e águas lixiviadas. Os aterros não são uma solução ecológica, são uma forma de “esconder” o lixo dos nossos olhos, mas não de o tratar.
É, pois, essencial, para além da separação do lixo reciclável, separarmos o lixo orgânico. Este tipo de lixo (sobretudo restos de comida), não deverá ser misturado com mais nenhum outro, e isso tem de ser realizado nas nossas casas, devendo existir um local próprio para a sua colocação, quer seja em compostores, contentores castanhos ou sacos próprios – distribuídos pelo Município – para o efeito.
Portugal falhou mais uma vez as metas nacionais para a prevenção e gestão de resíduos urbanos, exigidas pela União Europeia (UE) até 2020. As taxas de reciclagem situam-se na ordem dos 30% quando a meta a atingir era 70%.
Há dois anos o PAN apresentou uma moção que foi aprovada pela Assembleia Municipal de Mafra, para a aquisição e distribuição de contentores castanhos (para resíduos orgânicos/alimentares) por todo o concelho de Mafra. Foi-nos referido pelo executivo que iria ser feita a distribuição destes contentores o que ajudaria a aumentar a reciclagem de matéria orgânica e ao mesmo tempo diminuir a quantidade de lixo contaminado que consequentemente vai para aterro. Até quando esperaremos para que isso aconteça? Sim, é de louvar a iniciativa e projeto-piloto da Câmara em distribuir sacos para restos de comida a ocorrer numa zona da Ericeira. No entanto, o tempo urge e as metas são ambiciosas. É necessário agir pois há muito trabalho pela frente com vista a alcançar as tão ambiciosas e necessárias metas nacionais.
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